segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Cena dez: Após a morte daqueles que tentaram contra a vida do menino, um anjo aparece em sonho a Jose...



Após a morte daqueles que tentaram contra a vida do menino, José é orientado em sonho pelo anjo do Senhor para que retorne às terras de Israel.
Foram anos de convívio fraterno no Egito que em outra época fora senhor de seu povo, mas que por aqueles tempos ofereceu a cordialidade e proteção de que a Sagrada Família necessitava.
Era o Egito dos Faraós e dos muitos Deuses.
Eram Jose, Maria e o menino de um pais distante, fugitivos, ameaçados pela lamina do mau e crentes num Deus único e acima de todas as coisas e leis do universo.
E apesar das diferenças de credo e cultura, o afeto que a família sagrada recebeu durante aqueles anos ficaria registrado na lembrança do povo egípcio por séculos sem fim e preservada sua passagem por ali através da tradição e da memória de seu povo...
Era hora de voltar para casa...
Mas sabendo que Arquelau, filho do sanguinário Herodes era o nome que reinava na Judéia, Jose teve medo, e mais uma vez os anjos lhe apareceram em sonho e lhe indicaram a direção da Galiléia, para onde seguiram em longa jornada de volta através do deserto de Sinai e das margens do Mar Mediterrâneo. 
Sem o medo que marcara sua chegada, com o menino já mais crescido e já mais tranqüilos conquanto calejados, seguem viagem.
E vão buscar abrigo em Nazaré a fim de que fosse cumprida o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno


I
Morreram os que tentaram
Contra a vida do menino
Morreram, nada levaram,
Além do próprio destino...

Morreram, já não há nada
Que de mal possam fazer...
Nenhuma lamina de espada,
Que mata, que faz sofrer...

Morreram... Já se esgotaram,
Já se foram, retornaram
Para as trevas de onde vieram...

Morreram os que tramaram,
Morreram os que mandaram,
Morreram os que fizeram...

II
Levanta-te, e toma o menino e sua mãe
Retorna às terras de Israel, sem medo...
Disse-lhe um anjo do Senhor em sonho...
Então José, naquela manhã bem cedo

Tomou o menino e a sua mãe e foi
E por Herodes ter sido tão mau
Ficou com medo de ir para a Judéia
Onde reinava seu filho Arquelau

Foi quando então, mais uma vez, em sonho
Um anjo do Senhor apareceu
E a Galiléia tornou-se a direção...

Era lá que ficava Nazaré,
E foi por lá que tudo começara,
E assim, seguiram para lá então...


III
E após tanto tempo no Egito, abrigados.
Chegara enfim o tempo de voltar...
Faz tanto tempo estavam exilados...
Saudades do lar...

E após tanto tempo, quase acostumados,
Chegara a hora de se desacostumar...
Tão protegidos, tão bem tratados,
Mas um dia esse dia ia chegar...

E como se estivessem preparados,
E já sem medo nenhum, já descansados,
Iniciaram seu retornar...

E após esse tempo inteiro de exilados,
José, Maria e Jesus, abençoados,
Seguiram para onde haveriam de ir morar...

IV
Adeus, Egito. Muito obrigado
Pela companhia. Pela proteção.
Pelo carinho. Pelo cuidado.
Por ter aberto teu coração.

Pelo caminho por Deus guiado.
Por ter sido por Deus tua indicação.
Por ter vestido, por ter alimentado,
E dado aO Consolador consolação.

Que seja teu nome para sempre lembrado
Por ter acolhido e ter guardado
Das mãos do mal a nossa salvação...

Adeus Egito. Povo abençoado.
Que Deus te proteja de todo o pecado.
Bendita seja, Egito, a tua nação...



V
Nas horas em que o mal se mostra absurdo
Em sua ira desenbestada,
E o coração, tomado em dor, dói mudo,
E a sua delicadeza é ameaçada,

Nas horas desse sofrimento agudo,
Cortante como a lâmina de uma espada,
Nas noites sem lugar para descuido,
Nos dias em que a paz é condenada,

É nessas horas que a Providência,
Com determinação e coerência,
Mostra sua luz, e a escuridão desaba...

A Providência Divina. O grande escudo.
Porque com Deus nenhuma dor é tudo.
Porque sem Deus qualquer poder é nada. 

VI
Era para ter sido assim dessa maneira
O Céu inteiro descendo à Terra inteira,
Anjos por todos os lados...

E foi do modo como era para ter sido,
Como era mesmo para ter acontecido,
O nascimento daquele sem pecados...



VII
Nunca foram tantos Anjos,
Antes e em qualquer tempo,
Nunca um dia foram tantos,
Anjos por todos os lados,
Anjos por todos os cantos...
Anjos em sonhos,
Anjos em aparições,
Anjos sozinhos,
Anjos em Legiões,
Anjos protegendo,
Anjos ordenando,
Anjos sugerindo,
Anjos anunciando,
Anjos cantando louvores,
Anjos para os pastores,
Anjos para Zacarias
Naqueles dias,
Anjos para Isabel,
E, dentre esses Anjos,
O Anjo Gabriel.
Anjos para Maria de Nazaré,
Anjos, e sempre em sonhos, para José,
Por vezes em tom aflito:
Toma o menino e sua mãe e foge para o Egito...
E há quem diga,
Não se sabe bem,
Que era formada por Anjos
A Estrela de Belém...
Anjos.
Nunca foram tantos.
Nunca foram tantos quase ao mesmo tempo.
Jamais como no nascimento de Jesus...
Anjos.
Nunca foram tão certeiros
Tão estratégicos em seus arranjos.
Nunca tantos.
Tão ligeiros.
Nunca.
Jamais foram tantos
Anjos.

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